top of page

O Documentário “Hip-Hop Caboclo - Em Busca das Batidas Brasileiras” consiste em discutir de maneira poética, o encontro entre as fronteiras territoriais, estéticas e sonoras da cultura popular brasileira e o universo do Hip-Hop, uma pesquisa fundamentada nos ritmos de matrizes africanas e indígenas, nas métricas poéticas dos cordelistas e emboladores, nas ladainhas, nos aboios e cantorias de mestres e mestras das culturas regionais. O documentário registra a expedição realizada pelo Mc Gaspar e o diretor João Nascimento pelo norte e nordeste do Brasil, recolhendo imagens, sonoridades e depoimentos de importantes personagens das culturas populares e tradicionais, narrativas contadas em formato de músicas, cantadas e tocadas em instrumentos triviais de cada manifestação, entrevistas relatadas sobre situações políticas e sociais que costuram a trama do filme, atreladas as cenas de improvisação performática entre o Mc Gaspar e os personagens convidados, retratando de maneira poética, o encontro entre o novo e o antigo, o urbano e o tradicional, o Hip-Hop e os ritmos de matrizes africanas e indígenas.

 

Utilizando-se de uma linguagem híbrida, entre o documentário de arte que transita pelo modo poético (que aborda conteúdos discursivos não literais narrados em músicas), o modo performativo (que dá ênfase às características subjetivas das experiências de vida relatadas pelos personagens convidados) e o modo participativo (que conta com interações do Mc Gaspar e o diretor João Nascimento junto aos personagens de cada região).


Termo “Caboclo” que dá nome ao título do documentário, carrega conotações interessantes quando associado aos seus diversos contextos que compreende o território do Brasil, podendo significar uma gama de possibilidades e interpretações. Alguns etnólogos sugerem que a palavra surgiu do tupi kuriboka, que quer dizer "filho de mãe índia e pai branco"; já outros afirmam que a expressão em tupi caa-boc, que significa "o que vem da floresta", tenha dado origem ao nome "caboclo". No entanto, no ambiente dos terreiros de candomblé de matriz Angola do tronco Bantu, o nome refere-se as entidades ameríndias, que habitam as florestas e estão relacionadas intrinsecamente com as terras brasileiras. Neste sentido, de maneira sutil, pode-se dizer que documentário perpassa por essa discussão, quando questionados, os personagens apresentaram interpretações que expressavam certo desconforto com o termo, ou até mesmo, naturalidade e identificação com a palavra que faz parte do vocabulário popular de algumas regiões.

 

bottom of page